quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Breve apanhado sobre "Os Escravos"


Frontispício da primeira edição de “Os Escravos”

Publicado em 1883, doze anos após a morte do autor, Os Escravos reúne as composições anti-escravagistas de Castro Alves, entre elas, os famosos poemas abolicionistas “Tragédia no lar”, “O Navio Negreiro” e “Vozes d’África”.
            Castro Alves não foi o primeiro poeta romântico a tratar do tema da escravidão. Antes dele, Gonçalves Dias, Fagundes Varela e outros abordaram a questão. No entanto, nenhum poeta foi mais veemente e engajado à causa social e humanitária do abolicionismo como ele. Castro Alves procurou aprofundar as implicações humanas da escravatura adequando a sua eloquência condoreira à luta abolicionista. Retrata o escravo de modo romanticamente trágico para despertar a sociedade, habituada a três séculos de escravidão, para o que há de mais desumano neste regime.
            Castro Alves foi o principal e mais popular representante do estilo romântico que predominou na poesia brasileira entre 1850 e 1870, denominado condoreiro por Capistrano de Abreu (1853-1927). É caracterizado por uma poesia retórica, repleta de hipérboles e antíteses, em que se destacam os temas sociais e políticos, principalmente a defesa da abolição da escravatura e a apologia da república. Os poetas condoreiros foram influenciados diretamente pela poesia social de Vitor Hugo - o Condoreirismo é o hugoanismo brasileiro. De teor declamativo e pendor social, um de seus símbolos mais frequentes é a imagem do condor dos Andes, pássaro que representa a liberdade da América, o que sugeriu a Capistrano de Abreu a denominação dada ao estilo.
            Nos poemas de Os Escravos, a poesia é suplantada pelo discurso político grandiloquente e até verborrágico. Para atingir o alvo e persuadir o leitor e, muito mais, o ouvinte, o poeta abusa de antíteses e hipérboles e apresenta uma sucessão vertiginosa de metáforas que procuram traduzir a mesma idéia. A poesia é feita para ser declamada e o exagero das imagens é intencional, deliberado, para reforçar a idéia do poema.

          

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